segunda-feira, setembro 03, 2007

Sede



Sim!

sede, muita sede

Por certo a fonte não me basta,

justo por me encontrar

perfurado pelo tempo

que cobre minha face ferida

pelo sol cortante...

Nudez



Está faltando a coberta de minha alma.

Vejo-a nua de mim mesmo,

nua da carne

que se consome na terra,

nua no tempo

que a abandona.

Mãos



Minhas mãos já não se tocam,

pervertidamente elas se abandonam,

se deixam seduzir pelas asperezas

dos muros que separam os desejos.

Elas se deixam mudas,

não se bendizem.

Malditas,

batem-se perdidas

nas próprias dores de si mesmas.

Gotejando



Estou gotejando

gotículas perdidas ao longo do tempo.

Estou gotejando

os soluços,

os suspiros,

uns poderiam ser.

Estou gotejando

minha alma.

Não sei,

mas acho que começo a chover

tempestivamente as lembranças.

Passos


Ao longo do caminho
Meus passos vacilantes
Me fazem acordar firme
Na certeza de que não estou no vazio.
Estou abundante de mim mesmo
Estou transbordante do mundo que me realizo.