segunda-feira, setembro 03, 2007

Mãos



Minhas mãos já não se tocam,

pervertidamente elas se abandonam,

se deixam seduzir pelas asperezas

dos muros que separam os desejos.

Elas se deixam mudas,

não se bendizem.

Malditas,

batem-se perdidas

nas próprias dores de si mesmas.

3 comentários:

Johnny disse...

"Mãos": belíssimo! me fez lembrar uma fala da personagem Moema, da peça Senhora dos Afogados, de Nelsom Rodrigues:

"As mãos são mais culpadas no amor... Pecam mais... Acariciam... o seio é passivo; a boca apenas se deixa beijar... O ventre apenas se abandona... Mas as mãos, não... São quentes e macias... E rápidas... E sensíveis... Correm no corpo..." (RODRIGUES, 1981:308).

Luciana Marinho disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luciana Marinho disse...

está tão "força bruta" este post! rs terra, raizes, nervos, impulsos-pulsos-pulsões.
lindas imagens que não contradizem a concretude das palavras.

beijos!