quarta-feira, novembro 17, 2010

No Tudo ou no Nada







No aparente vazio

Tenho tudo preenchido,

Não há o nada sem o tudo dentro de mim.

Às vezes tudo parece confuso

Mas tudo está na ordem do princípio.

Margeio as fissuras de minhas tantas narrativas

E caio nos abissais labirintos de minhas lembranças;

Estremeço o corpo ao sentir as minhas verdades

Aos gritos pela consciência do mundo

Que ferem meus sentidos a cada toque.

Sou cheio do mundo,

Me dano na sua vastidão de luzes e trevas,

E soluço nos seus umbrais.

Tentando na sanidade fincar meus pés,

Acordo antes da visão absoluta

Para o que vejo e o que sinto

Não me estabilizem na totalidade

Arrogante das aparências.



Poesia de Jacinto dos Santos
Foto: by Jacinto dos Santos

terça-feira, janeiro 05, 2010

VIDA RAPADURA





A cana doce e mole rola as matas.

Mata, sangra, desce o caldo, dor

(Do)ce delirante nas mãos entumecidas pelo facão.

E a gravata vem e rapa a inocência dura da gente.

Ai, quanta cinza nos olhos!

A fuligem expõe a negritude consumida na fornalha

e entorta, e puxa até alvejar ao fim (nin)guém sobra na boca,

só areia branca, só areia branca...

Ela é doce.

Ela é dura, mas é doce.

Ela é escura, mas clareia.

Rapadura: água mole em rapadura, tanto bate até que vira pó.

E vamos tomar ca(fé) expresso adocicado tipo exportação.



Texto: Jacinto dos Santos

Foto: Marcos Michael (JC)


sábado, janeiro 02, 2010

Feminina



No canto do jardim


insinuo passos de um bailado,


mas a rigidez do tempo me impede do ensaio.


Talvez seja melhor esperar!


Espero em silêncio...


Espero um corpo que me faça dançar.





Texto: Jacinto dos Santos

Foto by Jacinto dos Santos