terça-feira, janeiro 05, 2010

VIDA RAPADURA





A cana doce e mole rola as matas.

Mata, sangra, desce o caldo, dor

(Do)ce delirante nas mãos entumecidas pelo facão.

E a gravata vem e rapa a inocência dura da gente.

Ai, quanta cinza nos olhos!

A fuligem expõe a negritude consumida na fornalha

e entorta, e puxa até alvejar ao fim (nin)guém sobra na boca,

só areia branca, só areia branca...

Ela é doce.

Ela é dura, mas é doce.

Ela é escura, mas clareia.

Rapadura: água mole em rapadura, tanto bate até que vira pó.

E vamos tomar ca(fé) expresso adocicado tipo exportação.



Texto: Jacinto dos Santos

Foto: Marcos Michael (JC)


sábado, janeiro 02, 2010

Feminina



No canto do jardim


insinuo passos de um bailado,


mas a rigidez do tempo me impede do ensaio.


Talvez seja melhor esperar!


Espero em silêncio...


Espero um corpo que me faça dançar.





Texto: Jacinto dos Santos

Foto by Jacinto dos Santos