sexta-feira, março 28, 2008

TELA DE PINTAR



Começo a desconfiar

de que tem pegadas demais no meu caminho.

Parece que a dança de Matisse

tem rodado demais na minha estrada

e já estou ficando tonto de tanto rodar.

Rodo a roda,

rodo o mundo e minhas cores desbotam na aguarrás.

Não sei se estou pesando muito no chão,

mas começo a desconfiar

de que tem lama demais no pântano

e apelo para que o lírio sorria ileso e branco,

ao menos alguma coisa verdadeira começo ver

dando certo na água podre.

Loucura, Van Gogh que o diga com suas pinceladas

na minha cara suja do piche do asfalto quente

que não nasce um girassol.

Gira, gira mundo,

Estou ficando tonto de tanto girar.

Pode ser labirintite a confusão na minha cabeça,

mas acredito que os becos, as vielas, as ruas cruzadas

não estão dizendo nada, nem onde chegar.

E gota a gota a torneira aberta

me joga a vida a fora

e me lambuzo no carmim

do pincel nervoso do artista

e me faço tela de pintar.

7 comentários:

Liah in Casulo disse...

Pelo simples prazer de deixares seguir pelas tuas pegadas poéticas...Obrigada!!!

beijos pintados na tela de tua alma.

Luciana Marinho disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luciana Marinho disse...

a vida é demais.
demais em seu lodo, em sua queda
d'água, em sua finitude sobre nós.

[psiu... apaga esses "See Please
Here". é tudo vírus!]


beijos!
:*

Daniella Paula disse...

Que canto maravilhoso e delicado professor!

Palavras que nos pegam pelas mãos e nos levam até o coração...

Bravo!

Cheiros!

ANALUKAMINSKI PINTURAS disse...

Em alguns momentos, parece que até mesmo (ou apenas) a vertigem nos leva adiante, para um lugar desconhecido, talvez desejado, em que possamos nos sentir imersos no sem-fim... Um beijo carmim, amigo!

Luciana Marinho disse...

ô, menino, para de rodar a si e bota para rodar teu blog! saudades daqui! beijos.

Andalando... disse...

Nossa!!!
Por isso Professor é que te admiro...