
Hoje amanheci querendo ouvir o som de minha voz,
Mas ela não me disse nada.
Só o silêncio toca a minha face tola
Congelando minha alma perdida.
Poema: Jacinto dos Santos
Pintura: Cy Twombly
Este é um cantinho reservado as delícias poéticas que alimentam e alentam a alma de um sonhador.
Nenhuma palavra escrita dirá tudo que a alma sente.
Nenhuma palavra escrita falará o que grita o coração.
Nenhuma palavra escrita expressará o sentimento de dor ou frustração.
Nenhuma palavra escrita terá tanta vida quanto o silêncio que reverbera em mim.
Os versos que traço com palavras ingênuas
Se dissolvem na balada do tempo.
Palavra, palavra fácil.
Palavra na promessa perdida.
Palavra que não sustenta a bofetada ofensiva.
Palavra que rabisco histórias vividas
Palavra marcada pela doce lembrança
Palavra que conta tudo do sim e do não
Palavra carregada de emoção
Palavra que rir.
Palavra que chora.
Palavra coberta de razão.
Palavra que vai com palavra de boca em boca dizendo verdades ou ilusão.
Bendita seja, ó palavra, que tudo é sem ser
Encanto, sensação.
Sem tua força não vivo,
Sem tua fraqueza não te escrevo.
Palavra que me atrevo a penetrar nas tuas fissuras
Querendo tocar as tuas vísceras mortas
Achando-te nos meus sonhos
Cantando a lira dos deuses perdidos.
No aparente vazio
tenho tudo preenchido,
não há o nada sem o tudo dentro de mim.
Às vezes tudo parece confuso
mas tudo está na ordem do princípio.
Margeio as fissuras de minhas tantas narrativas
e caio nos abissais labirintos de minhas lembranças;
estremeço o corpo ao sentir as minhas verdades
aos gritos pela consciência do mundo
que ferem meus sentidos a cada toque.
Sou cheio do mundo,
me dano na sua vastidão de luzes e trevas,
e soluço nos seus umbrais.
Tentando na sanidade fincar meus pés,
acordo antes da visão absoluta
para o que vejo e o que sinto.
Assim, não me estabilizo na totalidade
Arrogante das aparências.
Tanta coisa minha voz queria poder dizer,
mas o silêncio da distância
já não podia ser rompido.
Tanta coisa minha voz esvaziou
diante do ensurdecedor grito
de nossas frustrações, covardia, ensimesmamento.
Tanta coisa poderia ser,
mas o abismo nefasto
cavado por nós ao longo do tempo
disse não.
Que palavra fica?
Confesso que não sei.
Talvez o eco frio da solidão.
Texto e fotografia de
Jacinto dos Santos
No aparente vazio
Tenho tudo preenchido,
Não há o nada sem o tudo dentro de mim.
Às vezes tudo parece confuso
Mas tudo está na ordem do princípio.
Margeio as fissuras de minhas tantas narrativas
E caio nos abissais labirintos de minhas lembranças;
Estremeço o corpo ao sentir as minhas verdades
Aos gritos pela consciência do mundo
Que ferem meus sentidos a cada toque.
Sou cheio do mundo,
Me dano na sua vastidão de luzes e trevas,
E soluço nos seus umbrais.
Tentando na sanidade fincar meus pés,
Acordo antes da visão absoluta
Para o que vejo e o que sinto
Não me estabilizem na totalidade
Arrogante das aparências.